20 junho, 2010

Professor X Inovação: uma batalha perdida?

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via Professor Digital by profjc on 6/9/10

Há duas décadas atrás havia uma pergunta bastante frequente quando se falava em computadores e novas tecnologias: "será que um dia os computadores vão substituir os professores?". Era o início da chegada dos computadores de forma massiva e, assim como ocorreu com o surgimento do rádio, e depois da televisão, do videocassete e tantas outras inovações, eram muitas as dúvidas sobre a possibilidade do professor perder a sua "função" e vir a ser substituído por uma dessas maquinetas. Mas uma coisa era tida como certa por quase todos: apesar das dúvidas, havia no fundo a certeza de que o professor jamais seria substituído por nenhuma máquina ou sistema tecnológico.
Estávamos errados! O tempo passou e, de fato, o professor daqueles tempos perdeu mesmo sua "função" para o computador e para as novas tecnologias de informação e comunicação que foram surgindo. Ainda temos professores nas escolas, e continuaremos a tê-los por muito tempo (pelo menos pelo tempo que durar a escola formal), mas a "função" que esse professor tinha há 20 anos atrás já amarelou e se apagou como as fotos antigas, e hoje já pode ser dispensada.
Alguns professores mudaram sua forma de atuação e "evoluíram junto com a sociedade", mas aquele professor cuja metodologia de hoje é a mesma de 20 anos atrás, esse já pode ser substituído pelos computadores com grande vantagem para o aluno e para a sociedade. Dito dessa forma pode até parecer cruel demais, ou mesmo um "exagero", mas essa é a dura realidade que vemos nas escolas reais.
Há 20 anos atrás a escola era essencialmente conteudista, propedêutica, excludente, hierárquica e mecanicista. O professor era uma figura adaptada a seu tempo, porque a escola de então tinha as mesmas características fundamentais da escola de quando ele, professor, esteve sentado em seus bancos, e de quando seus professores a frequentaram. Na verdade, a escola como instituição formal de ensino, e o professor, como figura central no processo de ensino e aprendizagem, tem mantida suas características principais desde que foi trazida da Europa pelos jesuítas, ainda no século XVI.
Eu aprendi a ser professor com os meus professores. Os meus professores aprenderam com os professores deles, que aprenderam com os professores deles, que aprenderam… E a regressão continua quase "ad infinitum". Professores não aprendem a ser professores apenas na universidade, em cursos de pedagogia ou licenciaturas, ou lendo "teorias educacionais". Professores aprendem a ser professores com todos os seus próprios professores, desde a primeira série escolar até o último ano da faculdade (ou da pós-graduação). Professores reproduzem não apenas conhecimentos curriculares, mas também técnicas, comportamentos, atitudes e ideologias que assimilaram durante sua formação. Professores são, essencialmente, réplicas ligeiramente modificadas de outros professores. E, se não fosse assim, como teriam se tornado em professores?
É certo que com o passar de muitos anos o professor vai adquirindo sua própria personalidade pedagógica, da mesma forma que adquire sua personalidade individual, em uma eterna luta para superar aquilo que ele mesmo julgava falho nos modelos de professores que ele teve quando era aluno. Mas, se por um lado essa é uma atitude consciente do professor que busca sua identidade própria, por outro, há milhares de comportamentos inconscientes que apenas reproduzem os modelos que ele teve durante sua própria formação. O professor que não toma consciência da necessidade de mudar sempre, este acaba não mudando quase nunca.
O que nós, professores, fazemos hoje de forma diferente da maneira como nossos professores fizeram a seu tempo? O que podemos julgar inovador, moderno, ajustado aos novos tempos e benéfico para nossos alunos? Quantos somos realmente "originais"? Nossos alunos são diferentes a cada ano, o mundo é diferente a cada novo dia, e nossa escola? E nós, professores?
A arquitetura dos prédios escolares, a disposição das salas de aula, o quadro negro (ou branco, ou verde, pouco importa), o giz, a caderneta, o caderno de anotações, as provas e a forma de avaliação, os conteúdos curriculares, a dinâmica das aulas, as cadeiras enfileiradas, a relação hierárquica com os alunos…. O que mudou na escola? O que mudou em nossas práticas pedagógicas, em relação aos nossos próprios professores?
Para alguns de nós, professores, há uma percepção clara de que muita coisa mudou. Mas mudou no mundo, não necessariamente em nós mesmos. Vemos uma escola complexa, alunos complexos, uma sociedade complexa, uma tecnologia complexa… Mas não nos vemos nessa complexidade. Nem sempre queremos ser parte dessa complexidade. Ainda pensamos "simples", de forma "linear", somos pautados por exemplos de pensar e agir que foram os únicos que tivemos. Então tudo nos parece estranho e complexo. Por isso tendemos a julgar que tudo piorou: porque não compreendemos, e porque tememos e desgostamos de tudo aquilo que não somos capazes de compreender.
É nesse contexto que "perdemos nossa função". A escola atual, os alunos atuais, o mundo atual e suas múltiplas complexidades já não precisam mais de um professor "simples", "linear" e limitado a reproduzir apenas aquilo que já foi reproduzido nele mesmo por seus próprios professores. Devemos muito aos nossos professores, sem dúvida, mas devemos mais ainda aos nossos alunos. Nossos professores estavam certos, ao tempo deles, e nossos alunos estão certos agora, no tempo que a eles pertence. O erro, que muitas vezes dói em nós ao ser percebido, a ponto de fazermos tudo para não percebê-lo, é que muitos de nós ainda lecionamos como nossos pais, avós e bisavós pedagógicos.
O computador e as novas tecnologias não poderão nunca substituir o professor como figura central do processo de ensino e aprendizagem, mas certamente já pode exercer a "função" que muitos professores exerciam há 20 anos atrás e que alguns de nós ainda tenta exercer hoje: "servir de depósito de informações". A internet é, com certeza, um repositório de informações e respostas prontas muito maior do que qualquer professor individualmente.
Se pudéssemos traduzir o pensamento que nossos alunos expressam em suas atitudes de pouco caso, desinteresse e mesmo de desilusão com a escola, estabelecendo um paralelo entre o que fomos, nós professores, e o que são eles, os nossos alunos de hoje, talvez encontrássemos algo como: "Já não precisamos de professores que apenas tragam as informações para nós, o Google é mais rápido e eficaz nessa função. Não precisamos mais de lousa, ou mesmo de livros, para apenas copiar textos e depois reproduzir em provas e trabalhos, pois um simples CTRL+C seguido de um CTRL+V faz isso por nós. Não podemos ficar 50 minutos oferecendo nossa atenção integral a um professor que faz um monólogo triste sobre um tema que não nos interessa; nós queremos mais ação, mais rapidez, mais objetividade, mais interatividade, mais mobilidade, mais socialização, mais desafios. Já não tememos vocês, professores, e não compreendemos o significado de 'hierarquia'; não queremos ficar enfileirados o tempo todo e nem presos às nossas cadeiras, ou trancados em nossas salas. Enfim, não queremos ser como vocês foram".
A opção pelo uso pedagógico dos computadores e das novas tecnologias não é, e jamais deve ser entendida como, simplesmente "uma nova maneira de maquiar velhas práticas educacionais", mas sim uma opção ideológica por romper com essas práticas. Não se pode pensar no uso das novas tecnologias sem pensarmos na mobilidade da informação, mas também, na mobilidade dos alunos. Não se pode pensar no uso dos computadores e da internet sem termos em mente que eles implicam em novas dinâmicas de aula, novas abordagens curriculares e novos currículos, novas práticas de ensino, uma nova didática e novas regras de convivência social no ambiente da escola.
As TICs não cabem no espaço pedagógico reduzido e pobre da velha escola, elas precisam de uma nova escola, de um novo professor. Talvez por isso seu uso tenha sido um fracasso em muitas escolas. As TICs e os alunos já vivem uma sinergia natural fora dos muros da escola; não se pode inseri-las na escola apenas como uma muleta para uma pedagogia capenga. A escola tornou-se uma ilha de exclusão, um museu pedagógico de velharias didáticas. E esta ilha está afundando rapidamente no meio do oceano das novas tecnologias, novas metodologias de aprendizagem e novas práticas didáticas.
O professor que atua hoje como atuava há 20 anos atrás já perdeu a batalha contra as "modernizações" e já pode ser considerado um dinossauro pedagógico em extinção. Tudo o que ele pode fazer por seus alunos é ensinar história: a história de como éramos quando o mundo era muito diferente do que é hoje e ainda mais diferente do que será quando seus alunos já estiverem fora da escola formal. Qualquer computador conectado à internet pode dar mais oportunidades de aprendizagem ao aluno atual do que esse professor.
A causa primeira que levou esse professor ultrapassado a perder a batalha que todos pensávamos ser imperdível, a ponto de poder ser substituído por máquinas que não pensam, não foi apenas o descaso para com as novas tecnologias digitais, a preguiça que o impediu de continuar aprendendo sempre, ou toda a lista de dificuldades que esse mesmo professor aponta como razões para seu fracasso. O que tornou esse professor ultrapassado foi a falta da modernização de sua tecnologia educacional. As TICs podem não ser a solução para os problemas desse professor, mas certamente são parte importante dos problemas que ele não soube enfrentar.

05 junho, 2010

Dia Mundial do Meio Ambiente é marcado por mudanças de atitude

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Práticas simples podem colaborar para a preservação do meio ambiente. Saiba o que você pode fazer para ajudar
O Dia Mundial do Meio Ambiente chegou e adotar ações que ajudem a natureza pode ser uma ótima maneira para comemorar a data. Ao menos é o que propõe a organização não-governamental IEEE Green Your World – Torne Verde o Seu Mundo – que convidou as pessoas a participarem de um desafio. (Veja fotos da comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente pelo mundo)
A ideia é convidar a população a se comprometer a fazer coisas simples, mas que podem trazer grandes benefícios ao meio ambiente. Conheça alguns exemplos de atitudes que estão ao alcance de qualquer pessoa:
- Substituir lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes compactas (CFLs),ou lâmpadas com diodos emissores de luz (LEDs);
- Encontrar um local de reciclagem de eletrônicos e descartar computadores, TVs e celulares antigos, de maneira ecologicamente consciente;
- Reduzir o consumo doméstico diário de água;
- Reflorestar sua comunidade, plantando árvores ou cultivando um jardim;
- Desligar da tomada os aparelhos eletrônicos que não estão sendo usados.
Apesar de a proposta da IEEE ter sido lançada na semana que antecede o Dia Mundial do Meio Ambiente, é importante que as novas atitudes sejam incorporadas no dia-a-dia de cada cidadão, como ressalta Sâmia Maria Talku-Tornisielo, engenheira ambiental do Centro de Estudos Ambientais da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) de Rio Claro. "A grande maioria do povo brasileiro ignora essas ações. Não quer mudar e acha que isso tudo é balela, mas é nítido que o planeta está passando por mudanças causadas, principalmente, pela ação do homem", afirma Sâmia.
De acordo com a engenheira ambiental, é preciso ter uma mudança de comportamento na população brasileira e dá dicas nesse sentido:
- Reuso de água: o que é despejado da máquina de lavar pode ser usado para lavar o quintal ou no vaso sanitário, ou qualquer grande descarte de água;
- A manutenção ou substituição de equipamentos - como sifões vazando, encanamentos antigos, entre outros -, pode garantir a economia de água;
- Diminuir o tempo de banho para economizar água, energia ou gás;
- Fechar a torneira ao lavar a louça e escovar os dentes;
- Fazer a captação da água da chuva e utilizá-la no vaso sanitário, para lavar quintais, regar as plantas e etc;
- Apagar as luzes em ambientes que não estão sendo usados;
- Diminuir a quantidade de detergente ao lava a louça;
- Adotar a bicicleta como meio de transporte, quando possível.
Para Sâmia é importante que haja também uma mudança na arquitetura das casas para que elas sejam mais bem iluminadas, ventiladas e aquecidas. "Muitas vezes temos que ficar com as luzes acesas durante o dia porque a luz do sol simplesmente não entra no ambiente. Ou usamos o ar condicionado quando abrir as janelas já bastaria para ventilar o local. Isso precisa mudar e assim conseguiremos usar a estrutura a nosso favor", explica.

Água: um bem escasso

Um dos recursos que mais podem ser afetados com o desequilíbrio ambiental é o fornecimento de água. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que a Terra possui cerca de 1,4 bilhões de km3 de água, mas apenas 2,5% do total é formado por água doce - 35 milhões de km3.
Deste total, cerca de 24 milhões de km3, 70% do total de água doce do planeta, está em forma de gelo ou neve permanente em regiões montanhosas, no Ártico e na Antártida. Os 30% restantes são constituídos por águas subterrâneas (bacias rasas e profundas de até 2 mil metros, umidade do solo e águas de pântanos, o que representa cerca de 97% da água doce do planeta disponível para consumo humano.
Lagos de água doce e rios são responsáveis por 105 mil km dessa água, ou seja, 0,3%. O total de suprimentos de água doce utilizável pelo homem e outros ecossistemas gira em torno de 200 mil km3, menos de 1% dos recursos.
De acordo com Paulo Costa, diretor da H2C – consultoria especializada em projetos de implantação de programas de uso racional da água -, o Brasil detém 13% dos suprimentos de água doce do planeta. E a abundância dos recursos vem permitindo que a população gaste mais do que o recomendado. "No Brasil gasta-se entre 450 e 650 litros de água por dia por habitante, enquanto a média sugerida pela ONU é de 110 litros. As classes média alta e alta são as maiores responsáveis por esse consumo. Precisamos mudar e fazer com que o nosso País seja referência em preocupação com o meio ambiente e com a água. O brasileiro é irresponsável diante disso, ainda mais sendo o país que detém uma parte tão grande desse suprimento", afirma Costa.
Segundo o diretor, só cinco países do mundo consomem água dentro dos padrões da ONU. Alemanha, Bélgica, Hungria, República Tcheca e Portugal são modelos nesse quesito. A causa desta conscientização é a orientação. "A educação ambiental para alunos do ensino fundamental foi inserida na grade curricular desses países há uma geração, cerca de 25 anos. Hoje esses alunos são adultos e estão constituindo famílias com uma consciência diferente. Isso já faz toda a diferença no comportamento dessa população", explica.

02 junho, 2010

Disputa por manuscritos de pai da genética

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Descendentes de Mendel e mosteiro austríaco brigam por documentos de Mendel

Uma disputa eclodiu entre os descendentes do pai da genética, Gregor Mendel, e um mosteiro austríaco por causa de um dos manuscritos do cientista, noticiou um jornal austríaco nesta quarta-feira.

A família acusou a Ordem Augustiniana, em Viena, de pressionar o sobrinho-tataraneto de Mendel, padre Clemens, ele próprio um monge augustiniano, a entregar a eles o manuscrito, noticiou o jornal Die Presse em sua edição online.

O mosteiro vienense negou as acusações. "Não houve pressão", declarou ao jornal seu prior, padre Dominic.

Segundo ele, o manuscrito pertenceu por direito aos augustinianos, destacando que "Mendel foi um monge augustiniano e fez sua pesquisa como um monge augustiniano".

O padre Clemens, de 77 anos, salvaguardou o manuscrito, que tem quase 150 anos, e agora é "hora de devolvê-lo", acrescentou o padre.

Considerado o pai da genética, Mendel formulou as leis da hereditariedade, após estudar plantas no jardim do mosteiro austríaco em Brno, atualmente na República Tcheca, nas décadas de 1850 e 1860.

Seu trabalho é considerado quase tão importante quanto o estudo de Charles Darwin sobre as origens das espécies.

O manuscrito no centro da disputa, "Experimentos sobre a Hibridização de Plantas", do qual foram feitas 40 cópias, na verdade foi descartado por membros de seu mosteiro em 1911, mas foi resgatado por um professor.

Após desaparecer após a II Guerra Mundial, ressurgiu em 1988 em Praga e foi entregue ao padre Clemens, que concordou com familiares em trancá-lo no cofre de um banco em Stuttgart, Alemanha, onde vive.

O manuscrito deveria ter mudado de mãos em 11 de maio, mas a família alertou as autoridades alemãs, que agora investigam se poderia ser classificado como um bem cultural, o que poderia impedir sua exportação.

Até que a questão seja resolvida, o manuscrito ficará com um advogado em Stuttgart, segundo o jornal Die Presse.

01 junho, 2010

Bloglines - A distância e o presencial cada vez mais próximos

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Educação humanista inovadora
Análise das mudanças profundas na educação em todos os seus níveis e em como implementá-las efetivamente,integrando valores humanos, flexibilidade curricular, metodologias inovadoras, tecnologias em rede e interação com a família, o trabalho, a cidade e o mundo. Os textos mais organizados estão em: http://www.eca.usp.br/prof/moran

A distância e o presencial cada vez mais próximos

By Moran

Entrevista feita comigo pelo jornalista Paulo Chico e publicada na Folha Dirigida, 20 a 26/05/2010

Fascinado pela educação a distância e suas possibilidades, José Manuel Moran veio de longe. Nascido em Vigo, na Espanha, cruzou o Atlântico e tornou-se um dos mais respeitados especialistas no uso de tecnologias aplicadas aos processos de aprendizagem. É disso que trata esta entrevista, que tem como foco a instalação da internet banda larga na quase totalidade das escolas públicas do Brasil, meta anunciada pelo Governo federal.

Doutor em Ciências da Comunicação pela USP e Diretor do Centro de EAD da Universidade Anhanguera-Uniderp, Moran é autor de diversos livros, como A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá, pela Papirus Editora, e que acaba de chegar à 3ª edição. Qualificação dos professores, recursos de ambientes virtuais, redes de colaboração e riscos do mau uso da internet foram alguns dos temas abordados pelo educador que, defensor das interações humanas como combustível para a aprendizagem, vê fragilizada a fronteira entre o que é presencial e o que se acredita a distância.
"Uma boa escola precisa de professores mediadores, vivos, criativos, experimentadores, presenciais e virtuais. De mestres menos falantes, e mais orientadores. Precisamos de uma escola que fomente redes de aprendizagem, entre professores e entre alunos. Onde todos possam aprender com os que estão perto e longe, conectados audiovisualmente. Aprender em qualquer tempo e qualquer lugar, de forma personalizada e, ao mesmo tempo, colaborativa", afirma.

Meta do governo federal é de que, até o final deste ano, 92% da população escolar brasileira estejam atendidas por internet banda larga. O que essa medida representa?
Esse é um passo importante para que as escolas possam ter acesso à internet, às redes e à mobilidade. Inicialmente o plano governamental era que todas as escolas tivessem acesso a um laboratório conectado à internet. Mas, com a banda larga, será possível ampliar o acesso, transformando salas de aula, bibliotecas, pátios e outros espaços em lugares de aprendizagem flexível e compartilhada.

Isso de fato é prioridade no cenário da educação brasileira? Não há outras deficiências básicas mais urgentes?
Na educação há muitas frentes importantes. Posso destacar algumas, como as políticas de formação, para atrair os melhores professores, remunerá-los bem e qualificá-los melhor; as políticas inovadoras de gestão, que consistem em levar os modelos de sucesso de gestão da iniciativa privada para a educação básica; o forte apoio ao ensino técnico e tecnológico, integrando-os melhor, de forma que um aluno possa profissionalizar-se antes e ao mesmo tempo seguir um currículo superior mais próximo do que a sociedade necessita; e, por fim, o incentivo a parcerias público-privadas eficientes e constantes, com maior integração de programas e recursos econômicos e tecnológicos.

Como as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) entram nesse pacote?
A inserção no mundo das tecnologias conectadas é um caminho importante para preparar as pessoas para o mundo atual, para uma sociedade complexa, que exige domínio das linguagens e recursos digitais. Em educação não podemos esperar que todos os outros problemas sejam equacionados, para só depois ingressar nas redes. Escolas não conectadas são escolas incompletas, mesmo quando didaticamente avançadas. Alunos sem acesso contínuo às redes digitais estão excluídos de uma parte importante da aprendizagem atual: do acesso à informação variada e disponível de forma online, da pesquisa rápida em bases de dados, bibliotecas digitais, portais educacionais. Estão fora da participação em comunidades de interesse, de debates e publicações online. Enfim, da variada oferta de serviços digitais.

Quais ações correlatas devem ser tomadas para que a informatização das escolas surta o efeito desejado, com salto na qualidade do ensino?
Informatização é mais do que colocar computadores. É conectar todos os espaços e elaborar políticas de capacitação dos professores, gestores, funcionários e alunos para a inserção das tecnologias no ensino e aprendizagem de forma inovadora, coerente e enriquecedora. Os projetos pedagógicos precisam refletir essa integração horizontal e vertical com o currículo. As tecnologias digitais facilitam a pesquisa, a comunicação e a divulgação em rede. Temos as tecnologias mais organizadas, como os ambientes virtuais de aprendizagem – Moodle e semelhantes – que permitem que tenhamos um certo controle de quem acessa o ambiente e do que precisa ser feito nas etapas de cada curso. Além desses ambientes, há um conjunto de tecnologias, que denominamos popularmente de 2.0, que são mais abertas, fáceis e gratuitas, como blogs, podcasts, wikis… Nesses espaços, os alunos podem ser protagonistas dos seus processos de aprendizagem. E isso facilita a aprendizagem horizontal, isto é, dos alunos entre si, das pessoas em redes de interesse. A combinação dos ambientes mais formais com os informais, feita de forma integrada, nos permite a necessária organização dos processos com a flexibilidade da adaptação ao perfil de cada aluno.

De forma prática, como as tecnologias devem ser exploradas? Qual seu uso mais racional e eficaz nas escolas?
O ideal é que estas tecnologias Web 2.0 – gratuitas, colaborativas e fáceis – façam parte do projeto pedagógico da instituição para serem incorporadas como parte integrante da proposta de cada série, curso ou área de conhecimento. Quanto mais a instituição incentiva o trabalho com atividades colaborativas, pesquisas, projetos, mais elas se tornarão importantes. Podem ser utilizadas também para produzir conteúdos interessantes e deixar para o professor o papel de organização das atividades, de discussão, orientação, apresentação dos resultados e sua publicação pelos alunos. Com boas propostas no começo de cada semestre, as possibilidades de motivação dos alunos e professores aumentarão, sem dúvida.

Sem treinamento ou direcionamento pedagógico, o uso da internet pode trazer prejuízos?
A internet é uma projeção de tudo que o ser humano faz de bom e de ruim. Ela tem tudo de mais interessante, resolve um monte de problemas, como pagar contas sem filas. Tem mil vantagens de comodidade de acesso. Ao mesmo tempo, o ser humano coloca ali diversas aberrações, tanto do imaginário quanto das situações reais. Na internet há o acesso à informação para a qual o aluno pequeno não está preparado, na área da sexualidade, pornografia e violência. Isso sempre existiu, mas a internet escancarou a facilidade de acesso. A solução não está principalmente em bloquear ou em não falar disso. Temos que aprender a lidar com as tecnologias. Orientar, acompanhar, porque uma criança pode envolver-se em situações complicadas. A criança, quando percebe que os pais e professores confiam nela e se preocupam, mostra quais sites costuma visitar, ou logo aponta alguma situação anormal. A internet é um meio rico de possibilidades e de problemas. E a escola é um espaço privilegiado de aprendizagem a saber fazer essas escolhas.

Como qualificar os professores? Por que ações neste sentidos caminham em passos tão lentos no Brasil?
O professor demora em torno de dois anos – numa pesquisa feita na França – para dominar as tecnologias e poder utilizá-las no seu planejamento e avaliação. Há um longo caminho de aprendizagem como usuário e depois como educador. O importante é começar com recursos simples – um blog, por exemplo – e ir tornando mais complexas as atividades, aos poucos, para que se sinta seguro de que faz sentido o que está se propondo. Não basta só ser moderninho. O importante é que o aluno aprenda cada vez mais.

Onde o professor, por vezes abandonado pelas políticas públicas, pode buscar informações sobre inclusão digital?
O Portal do Professor do MEC e alguns portais educacionais, como o Diaadiaeducação, da Secretaria de Educação do Paraná, são excelentes para conhecer o que é feito, realizar cursos básicos e encontrar materiais e atividades importantes em diversas áreas de conhecimento.

O professor já percebeu que não é mais a única fonte do saber para os estudantes? Esse tem sido um processo traumático para os educadores?
Uma boa escola depende fundamentalmente de contar com gestores e educadores bem preparados, remunerados, motivados e que possuam comprovada competência intelectual, emocional, comunicacional e ética. Sem bons gestores e professores nenhum projeto pedagógico será interessante, inovador. Não há tecnologias avançadas que salvem maus profissionais. São poucos os educadores e gestores pró-ativos, que gostam de aprender e conseguem colocar em prática o que aprendem. Temos muitos profissionais que preferem repetir modelos, obedecer, seguir padrões. Sem pessoas autônomas é muito difícil ter uma escola diferente, mais próxima dos alunos que já nasceram com a internet e o celular. Uma boa escola precisa de professores mediadores, vivos, criativos, experimentadores, presenciais e virtuais. De mestres menos 'falantes', mais orientadores. De menos aulas informativas e mais atividades de pesquisa, e experimentação. Desafios e projetos. Uma escola que fomente redes de aprendizagem, entre professores e entre alunos. Onde todos possam aprender com os que estão perto e também longe, conectados. Onde os mais experientes possam ajudar aqueles que têm mais dificuldades. O futuro será aprender em qualquer tempo e lugar, de forma personalizada e, ao mesmo tempo, colaborativa. Teremos flexibilidade curricular e facilidade de estarmos juntos, conectados audiovisualmente.

Folha Dirigida, 20 a 26/05/2010

O professor propõe o conhecimento. Não o transmite.

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via Caldeirão de Ideias by robsongarciafreire@gmail.com (Robson Freire) on 6/1/10
O professor não o oferece à distância para a recepção audiovisual ou "bancária" (sedentária, passiva), como criticava o educador Paulo Freire. Ele propõe o conhecimento aos estudantes, como o artista propõe sua obra potencial ao público. (...)

O aluno não está mais reduzido a olhar, ouvir, copiar e prestar contas. Ele cria, modifica, constrói, aumenta e, assim, torna-se co-autor (...) O professor disponibiliza um campo de possibilidades, de caminhos que se abrem quando elementos são acionados pelos alunos. Ele garante a possibilidade de significações livres e plurais e, sem perder de vista a coerência com sua opção crítica embutida na proposição, coloca-se aberto a ampliações, a modificações vindas da parte dos alunos.

Uma pedagogia baseada nessa disposição à co-autoria, à interatividade, requer a morte do professor narcisisticamente investido do poder. Expor sua opção crítica à intervenção, à modificação requer humildade. Mas, diga-se humildade, e não fraqueza ou minimização da autoria, da vontade, da ousadia.

Em sala de aula presencial ou virtual, o professor não é um contador de histórias. À maneira do design de software interativo, ele constrói um conjunto de territórios a explorar, não uma rota. Mais do que "conselheiro" ou "facilitador", ele converte-se em formulador de problemas, provocador de interrogações, coordenador de equipes de trabalho, sistematizador de experiências.

Assim, o professor propõe o conhecimento à maneira do parangolé. Ele redimensiona a sua autoria: não mais a prevalência do falar-ditar, da lógica da distribuição, mas a perspectiva da proposição complexa do conhecimento à participação ativa dos alunos que aprenderam com o joystick do video game e hoje aprendem com o mouse. Enfim, a responsabilidade de disseminar um outro modo de pensamento, de inventar uma nova sala de aula, presencial e à distância, capaz de educar em nosso tempo.

(Marco Silva - Sala de aula interativa)

Fonte: http://professortexto.blogspot.com/2010/05/o-professor-propoe-o-conhecimento-nao-o.html