05 setembro, 2006

Reflexão



"E que a força do medo que tenho, não me impeça de ver o que anseio. Que a morte de tudo que acredito, não me tape os ouvidos e a boca; porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio. Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada, mesmo que distante porque a metade de mim é partida e a outra metade é saudade. Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento, porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que eu calo. Que essa tensão que me corroi por dentro seja um dia recompensada porque metade de mim é o que penso e a outra metade é um vulcão. Que o medo da solidão se afaste, que convivi comigo mesmo se torne ao menos suportável. Que o espelho reflita em mim um doce sorriso, que eu lembre ter dado na infância, porque metade de mim é a lembrança do que fui, e a outra metade eu não sei. Talvez seja preciso mais que uma alegria para me fazer aquietar o espírito. E o que o teu silêncio me fale cada vez mais porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço. Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba. E que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer. Porque metade de mim é a platéia e a outra metade é canção. E que minha loucura seja perdoada. Porque metade de mim é amor e outra metade... também..."

letra da música: Metade
Oswaldo Montenegro

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